O mais terrível, quase insuportável, no irmos envelhecendo? A incapacidade de nos continuarmos a enganar a nós próprios. O que devia trazer paz e compaixão — e um dia trará, espero —, começa por ser o desabar de todas as pequeninas, minúsculas, quase invisíveis ficções com que nos defendemos do nada. Sem o véu da auto-comiseração, ou da misantropia, ou do cinismo, ou de uma qualquer teoria ou religião, o espectáculo do irrisório de nós não é agradável.
PS: Sim, claro, nesta perspectiva muita gente não envelhece, simplesmente apodrece — os cadáveres adiados que procriam, ou qualquer coisa do género. Mas isso não é propriamente novidade, pois não?
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