Epifanias # 17 [de janela aberta para a noite]

Arman, Violoncelle brulee, 1969 (cello in plexiglass)


E ver. E ver. Quanto mais ver se alonga
mais o eclipse do que fora visto
entra por sua sombra,
ficando a descobrir-se o infinito.
Fernando Echevarría, Epifanias, Assírio & Alvim, 2006, p. 46

Versão rural do guarda-nocturno do mar? Não. Não sei o que seja ser guarda-nocturno destes campos casas árvores. Ou melhor, sei. Coisa pragmática, a vida nossa de cada dia. O mar é diferente. É guardar o que a ninguém pertence e é inapropriável — isso permite ver. Pena que o céu seja aqui tão recortado por tudo o que em baixo é humano. Mas às vezes, num ângulo seco, desce a sombra sobre o que existe. Começamos a ver.

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