à procura de mais mundo,
ninguém chega por acaso
ao seu nenhum sentido
olhando simplesmente
da varanda. (p. 39)
Talvez assim se estabeleça, mais uma vez (ainda), a necessidade operativa da poesia (complexa, distinta, de alguns) para chegar a “nenhum”. Não é por acaso, diz-se. Porque se o fosse, mesmo o tom menor, postado à cabeceira de uma esfinge que nunca se deu por doméstica, ficaria por demais em perigo.
Não é por acaso, portanto. Talvez não seja. Mas um olhar simples da varanda pode muito bem encontrar tudo o que há para encontrar — nenhum sentido. Dir-me-ão que a simplicidade de um tal olhar só um culturalismo bem incorporado a pode estabelecer. Talvez. Mas é fora do culturalismo que o olhar não espera que o nada se faça anteceder de quaisquer fanfarras. É apenas isso que lá está, vê-se simplesmente da varanda, tem a sua vida própria misteriosa, não nos diz respeito — estamos sós.
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