Tal e qual como quando olho algumas das minhas fotografias adolescentes: já não se usam aquelas calças à boca-de-sino, a praia e a sua fauna desapareceu, a classe média baixa entretém-se com outras coisas noutros lugares, mas os fígados daquelas gentes, como dizia a minha tia — os fígados daquelas gentes são tanto os nossos fígados que até nos arrepiamos. A minha tia não dizia a alma, dizia os fígados, o que é coisa um pouco diferente. Se a minha tia fosse dada à literatura diria que havia a alma pathos-lógica do Dostoievski, a alma melancólica do Tchekhov, e os fígados irónicos do Nabokov.
Fora de tempo # 19
Luís Mourão
15.9.09 |
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