O rei morreu, viva o rei! # 2



Na política dos grandes ideais comunistas também não é assim. Os grandes ideais comunistas não pertencem estritamente à ordem da política, nem são inteligíveis se reduzidos unicamente às regras desse quadro. É por isso que o luto dos grandes ideais comunistas é tão lento, complexo e diversificado. A questão fundamental do luto amoroso bem sucedido resume-se nisto: decidir qual o essencial a guardar, para melhor poder esquecer o resto e abrir espaço para a restante vida. No luto amoroso bem sucedido, o essencial que se guarda acaba sempre por ser a reconfortante certeza de que o amor, o movimento do amor, existiu, foi possível, é possível. Mil histórias para dizer isto, mil histórias multiplicadas por mil histórias para dizer ainda “amo-te”. Qual é o equivalente de “amo-te” nos grandes ideais comunistas? Parte da esperança política à esquerda reside em conseguir encontrar uma resposta mínima para esta questão. Não será por acaso que alguma esquerda europeia olha para Obama. Não é só pelo que diz, mas também como diz. Nessa outra ordem que não é estritamente política, sabemos que o amor diz o que o Outro é, como conteúdo, através da forma como o percepcionamos e intuímos. Em liguagem rock’on roll: I like the way she moves...

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