"Cheio de curiosidade, atrevi-me a ir verificar uma vez o que lá se encontrava estampado, e descobri a assinatura dele, do senhor Soares, às avessas, e ao invés, mas fui-me logo embora com a ideia de que tinha cometido uma indiscrição que não se desculpava."
Mário Cláudio, Boa noite, senhor Soares, p. 19
Levar o nome próprio às avessas e ao invés — é nisso que consiste a literatura que merece esse nome. Não a experiência de um, mas a experiência do mundo às custas desse um — que é isso também, e sempre, a vida. A gente compõe a normalidade de um lado apenas para deixar a existência e a literatura trabalharem em paz e sossego do outro (em paz e sossego?..).
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