Não me sai da cabeça. Foi no Jornal da Uma da rtp. A notícia era sobre a confirmação científica daquilo que se aventava como hipótese: o vírus da estirpe mais perigosa da gripe das aves aloja-se nos humanos na parte mais baixa (seria assim?) dos pulmões. Como o cientista explicava, isto é uma sorte. Se o vírus se alojasse na garganta ou nas fossas nasais, a transmissão de humano a humano seria pandémica. Dizia o cientista que o vírus estava apenas a uma mutação de conseguir mudar de aposentos humanos. Para mim, é a combinação perfeita de ficção científica com terror — com a vantagem incalculável (acho que o termo tem mesmo de ser este) de que isto pode tornar-se realidade. Foi isso que os jornalistas da rtp quiseram sublinhar no final da notícia: a voz off dizia-o, e o remate em imagem foi um sonoro e profundo espirro. Qual Cronenberg, qual Exorcista, qual quê: aquilo sim, foi o terror puro e duro. Um espirro.
Um espirro
Luís Mourão
23.3.06 |
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