A Leitora, no seu infinito particular (IV)


- Desta vez foi logo à primeira!
- Sorte, Leitora, puro golpe de sorte. Estou entre reuniões. Ou para ser mais exacto, as reuniões estão entre mim e mim, e a distância é grande...
- Compreendo. Faça uma pausa comigo, queria ler-lhe uns versos.
- Versos?
- Porque não? Até os deve conhecer, andou a citar o livro no blog.
- Ah...
- Por acaso, não acho que o livro, no conjunto, chegue à altura dos versos que citou.
- Também nunca disse que chegava, para pôr as coisas nos seus termos. Apenas citei a altura, ainda para continuar nos seus termos.
- Pois, é verdade. Mas sempre se poderia presumir que...
- Termo exacto, o seu. Mas não dei a presumir, dei a ler.
- Seja. Consegue aí um espaço para me ouvir?
- Dê-me um momento, deixe-me entrar aqui... isto serve, acho que é o arquivo, há um pouco de silêncio... Preciso de fechar os olhos.
- Faça escuro e antigo por dentro dos olhos fechados, eu espero.
- Escuro e antigo, gosto disso. Escuro e antigo...
- Eu espero...
- Sim, mais um pouco, se não se importa. Escuro e antigo...

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