Encontros improváveis

Ouvido amigo, há vários anos, indicou-me o encontro um pouco improvável de Archie Shepp & Horace Parlan. Primeiro em Trouble in mind (1980), muito bluesy, depois em Goin’ home (1985), muito gospel. Archie Shepp desceu do seu avançado free, mas não tanto que não tenha feito Horace Parlan subir do seu mainstream de alta qualidade. Quando penso no duo saxofone-piano é estes dois que ouço. E ouço-os bastante, conforme os fins-de-tarde da vida. Agora penso também no encontro do piano de Martial Solal com o trompete de Dave Douglas: este Rue de Seine (2006). A intelectualidade refinada de Solal e o ímpeto “juvenil” de Douglas (embora Moutain Passages tenha revelado uma secreta "espiritualidade" que talvez daqui a uns anos lhe dê outros caminhos musicais). Sem duelo, ouvindo um do outro e construindo um para o outro. Não é muito comum entre músicos de tão alta estatura e tão idiossincráticos. Vantagem nossa, bons mistérios da música.

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