A Leitora, no seu infinito particular (XVIII)

- Pus-me a caminho, mas não ainda em linha recta.
- É sempre melhor assim, Leitora.
- Melhor?
- Mais sábio.
- Sábio?
- Permite encontrar o que não se procurava.
- Procura alguma coisa, o Luís?
- Já não.
- Mentiroso.
- Também já não.
- Ah, quer dizer que o foi.
- Existencialmente, sem dúvida. É o preço da ignorância, mas só se sabe depois. E contudo...
- Contudo?
- Esqueça, não vale a pena.
- Uma procura fechada na garganta, é isso?
- Não, uma procura aberta na lucidez de nada. Mas não devia ter perguntado, Leitora. A pergunta é uma linha recta, não chega a perguntar aquilo que realmente interessa.

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