A recusa do prémio Camões por Luandino Vieira só confirma o potencial romanesco da personagem. Divorciado da pátria, retirado do mundo, sem publicar (o que não é mesmo que não escrevendo, mas neste caso talvez seja), Luandino vive nesse extremo que a normalidade de nós por vezes experimenta para quase sempre logo recusar: a ideia de que não pertencemos aqui, estamos a mais, houve um erro qualquer, um dia finalmente acabará. No meu breve romance, se fosse capaz de escrevê-lo, Luandino não seria animado por qualquer ideia mística, nada de au-delá, apenas um ser que aceitou desencantar-se, desenvaidecer-se, e começou a respirar. Vagamente, pressinto que respirar seja isso: perceber que não pertencemos por completo aqui, a um território já sempre demasiadamente humano, mas a uma terra indomesticável e sem pensamento.
Potencial romanesco
Luís Mourão
27.5.06 |
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