Multiplex 9

Spike Lee, Infiltrado

- Também concordo, prazer é a palavra certa, Leitora.
- Prazer do plot, e daquela Nova Iorque trepidante e múltipla que é a de Spike Lee. Não é a obra-prima, o filme que cresce por dentro de nós muito depois de o vermos, mas é a inteligência infiltrada no mainstream, isso sem dúvida.
- Tudo por culpa do plot, digamos assim. Uma coisa que, do ponto de vista policial, nunca é o que parece, faz com que os temas possam parecer aquilo que efectivamente são: capitalismo, terrorismo, racismo, enfim, a agenda própria de Spike Lee.
- E o gozo imenso em baralhar as referências. A da língua albanesa que se pensa ser russa, e que só é descodificado porque Nova Iorque é aquele caldo de culturas e línguas que se sabe, é homóloga daquela confusão que o filme nunca chega a esclarecer, e que se prende com a música inicial.
- Aquela música «meio-árabe» com que entramos em Nova Iorque e que nos atira logo para a questão pós 11 de Setembro?
- Essa mesmo. E sabe que mais, meu caro Luís? Não é nada árabe nem semi-árabe, é indiana.
- Indiana?! Essa agora!
- Bollywood puro, se quer saber.
- Isso é que é cultura, Leitora. Não a sabia tão orientalista.
- Que nada. Apenas internet. Mas diga lá que não é um achado de primeira? E o título da canção parece que é sombras...

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