Não foi um grande mundial, este que logo vai acabar. A espaços, lá houve futebol, mas não muito. Viveu-se sobretudo da memória do futebol que já houve. Quer dizer, do desejo de que haja futebol. E de emoções, muitas emoções. Porque quando toca aos “nossos”, por mais feio que seja, ou mesmo que a gente dê meia volta porque já não há pachorra para aqueles arremedos de jogo, no fim a gente vem sempre perguntar o resultado.
Acho que a chave deste mundial foram mesmo as emoções. O futebol poderá ainda aguentar mais uns mundiais vivendo só da lenda de outros tempos e das emoções que desperta. Coisa o seu tanto primitiva, troglodita, tudo isso. Mas mudemos de registo, e encontram-se umas estranhas isotopias. Recorde-se, por exemplo, o alarido pelo filme de Cronenberg, Uma história de violência. Houve quem agradecesse, sem blague, por um filme que nos voltou a fazer sentir. E percebe-se. Porque no mainstream, as emoções estão já de tal modo esteriotipadas e formatadas, que pouco ou nada emocionam (há sempre excepções, claro). E no cinema independente, um dos problemas que é sistematicamente colocado é desde logo a extrema dificuldade de personagens contemporâneas comunicarem com as suas emoções, o que acaba por se reflectir, et pour cause, no próprio filme.
As emoções proporcionadas pelo directo futebolístico têm dois ingredientes fundamentais que a vida mediatizada nos tende a negar: o imprevisível (ligado aos mecanismos da sorte e do azar), e o humanamente suportável (se a bancada ruir e pessoas morrerem, a questão já não é de futebol). Qualquer telejornal é previsivelmente de más notícias e, a largos espaços, humanamente insuportável — e que consigamos suportá-lo, diz uma forma de lidar com as emoções que não pode deixar de ter um preço.
Logo, torcerei pela França. Tudo bem se a Itália ganhar, e melhor ainda se houver grande futebol. Mas torcerei por Zidane e Henry, mas sobretudo pela possibilidade de ver escrever em directo mais uma lenda do futebol: que o último jogo de Zidane pela sua selecção seja o do seu segundo e merecido título de campeão do mundo.
E last but not least, torcerei contra Le Pen, que neste particular já está derrotado, mas que bem pode levar mais um grande amargo de boca. Era a cereja em cima do bolo, agora que já não é possível adorná-lo com um Figo.
Acho que a chave deste mundial foram mesmo as emoções. O futebol poderá ainda aguentar mais uns mundiais vivendo só da lenda de outros tempos e das emoções que desperta. Coisa o seu tanto primitiva, troglodita, tudo isso. Mas mudemos de registo, e encontram-se umas estranhas isotopias. Recorde-se, por exemplo, o alarido pelo filme de Cronenberg, Uma história de violência. Houve quem agradecesse, sem blague, por um filme que nos voltou a fazer sentir. E percebe-se. Porque no mainstream, as emoções estão já de tal modo esteriotipadas e formatadas, que pouco ou nada emocionam (há sempre excepções, claro). E no cinema independente, um dos problemas que é sistematicamente colocado é desde logo a extrema dificuldade de personagens contemporâneas comunicarem com as suas emoções, o que acaba por se reflectir, et pour cause, no próprio filme.
As emoções proporcionadas pelo directo futebolístico têm dois ingredientes fundamentais que a vida mediatizada nos tende a negar: o imprevisível (ligado aos mecanismos da sorte e do azar), e o humanamente suportável (se a bancada ruir e pessoas morrerem, a questão já não é de futebol). Qualquer telejornal é previsivelmente de más notícias e, a largos espaços, humanamente insuportável — e que consigamos suportá-lo, diz uma forma de lidar com as emoções que não pode deixar de ter um preço.
Logo, torcerei pela França. Tudo bem se a Itália ganhar, e melhor ainda se houver grande futebol. Mas torcerei por Zidane e Henry, mas sobretudo pela possibilidade de ver escrever em directo mais uma lenda do futebol: que o último jogo de Zidane pela sua selecção seja o do seu segundo e merecido título de campeão do mundo.
E last but not least, torcerei contra Le Pen, que neste particular já está derrotado, mas que bem pode levar mais um grande amargo de boca. Era a cereja em cima do bolo, agora que já não é possível adorná-lo com um Figo.
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