- O amor?
- Não.
- O quê, então?
- Sem nome.
- Porquê?
- Por nada.
- Tens de falar mais.
- Porquê?
- Por mim. Como o mar. Ondas. Com as suas várias escalas.
- Eu falo.
- Já. A partir de agora. Como o mar.
- E tu, falas?
- Noite fora, por dentro do mar.
- Que fazemos ao amor?
- Precisas dele?
- Quero o que tenho. E a continuação.
- Mas precisas dele?
- Assim não.
- Deita-o ao mar.
- Todo?
- A palavra inteira. Toda. Mata-a primeiro, espalha-lhe as cinzas.
- Nem uma sílaba queres guardar?
- Todo, varre-o todo para o mar, que vá para longe.
- Mas tu ficas, não ficas?
- Tens medo da solidão?
- Não.
- Fico. É a continuação.
- E se a continuação for outra coisa?
- Há mar que chegue.
- E noite, sim. Que chegue.
Guarda-nocturno do mar # 12
Luís Mourão
28.7.06 |
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