Quando a lenda

Claro que o problema é meu. Mas foram vários mundiais e europeus a ver a selecção nem sequer chegar lá, ou a vê-la ficar pelo caminho (às vezes de forma vergonhosa). De forma que com um meio-campo de castigo e uma Inglaterra em boa forma, esperava resistência defensiva e a estrelinha da sorte. O único espanto do jogo foi a forma soberana como Portugal entrou a jogar — decididamente, esta é outra mentalidade. O pior veio depois, contra dez, aquele medo atávico (ou receio muito à Scolari?) de arriscar um bocadinho. Valeu a estrelinha de Ricardo, pois claro. Já temos lenda. Bem podem esquecer a realidade, até porque a realidade do jogo afinal não houve.
Já a França foi outra história. Quer dizer, foram lá atrás buscar a outra França, a que muito justamente foi campeã mundial, e uma orquestra pela batuta de Zidane é coisa única nos tempos que correm. Aqui, a lenda continua a escrever a realidade.

PS: isto não é um prognóstico para o jogo de quarta. Porque se fosse, eu diria que Deco não é a lenda que Zidane merecidamente é, mas neste momento Deco é mais Zidane do que ele próprio. Bem assim como o resto da orquestra. E parece-me que alguma coisa se soltou na orquestra portuguesa com esta passagem às meias-finais: já não há nada a perder.

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