O meu doce favorito de natal são as rabanadas. Gosto delas de todas as maneiras, mas nenhumas tão boas como as feitas pelo lado materno da família (ok, ok, tragam lá o Freud, mas já tenho idade para não me importar com essas coisas): vagamente, sei que são passadas por chá (não por ovo ou por leite), e apresentam um aspecto húmido. Um destes dias vou ter que pedir a receita, porque mães e tias não duram eternamente. Mas não sei se depois disso as rabanadas me saberão na mesma. Chatice, o sabor das coisas não ser apenas o sabor das coisas. (Eu disse chatice? Queria dizer o imperceptível mistério, o suplemento de cada coisa para além da coisa ela mesma — ok, chega de metafísica, vou-me às rabanadas enquanto elas me são ainda rabanadas).
PS: na pesquisa imagem-google para rabanadas, para além de umas fartas nádegas brasileiras, não é que encontro também um tipo que abocanha um mamilo de mama generosa? Deveras, psicopatologia das rabanadas...
Psicopatologia da vida quotidiana # 19
Luís Mourão
29.12.06 |
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