- Não conheço nada disto. Nem sabia que a cidade vinha até aqui. Este hotel está a cair de podre. Podia beliscar-me, para saber se é um sonho. Mas já sei que não é. Que estupidez. É real e contudo não pode ser real. Que coisa mais parva, a nossa existência toda. Tudo isto. Mas é que está mesmo podre, é impossível que alguém se venha hospedar aqui. (entra) Claro, ninguém na recepção. Porque é que isto não me surpreende? E sinais suficientes de que está abandonado. (procura o elevador) Nada de elevador, é mesmo antigo. Mas espera aí... O número do quarto... isto não tem tantos andares, não pode ser este o número. Bom... (vai subindo) ah, pois, começa logo com se fosse no quinto andar. Deve haver uma razão qualquer... (continua a subir. Depois pára, a escutar) Um rádio, é um rádio... Curioso, como é que tenho tanta certeza de que é um rádio e não a televisão?.. Mas tenho. É um rádio. Só pode ser um rádio. Este som, este veludo... Hum, não é bem veludo. Ou é, mas em reposteiro. Alto, denso. Mas que estou eu para aqui a dizer?!.. (continua a subir, corredores, abranda). É aqui, é o número. (vai para bater mas empurra a porta, que se abre. Está um porco sentado na cama. Ficam ambos em silêncio. A Leitora entra e encosta a porta atrás de si).
Multiplex 31 # cinco
Luís Mourão
2.5.07 |
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