(Apartamento novo, mobilado em estilo moderno minimalista. Janelas amplas sobre a cidade. É já noite. Barulho de uma chave na porta e ferrolhos a correr. Entram A Leitora e Luís.)
- Mas tu disseste que não.
- Pois. Disse que não. Mas mudei de ideias.
- Assim, sem mais nem menos? E porquê?
- Sei lá porquê!..
- Pensa, tem de haver uma razão.
- E se não houver?
- Podes ao menos pensar?
- O cansaço...
- O cansaço?! Mas disseste...
- Tens razão, não é o cansaço. Que existe, não penses que não existe, mas de facto não é a razão.
- Qual é a razão, então?
- Não quero. Não vale a pena. Não me interessam esses porquês. Não me interessa o que gera, interessa-me que gere. Interessa-me seguir. Ou que se interrompa para seguir de outra maneira. Interessa-me o que vem através de mim, eu vou atrás. Mas não era para termos esta conversa, pois não?
- Tu mudaste de ideias.
- Mudei?
- Acho que sim. Mas agora também já não tenho a certeza.
- E se saíssemos e voltássemos a entrar?
- Boa ideia.
(Saem. Barulho de chave na porta e ferrolhos a correr.)
Multiplex 31 # dez
Luís Mourão
4.5.07 |
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