Rostos # 1




Entre o rosto do Bergman jovem e o rosto do Bergman final há mais "ar de família" do que com os rostos do Bergman do meio. Há um estilo de barba que regressa, e facilmente leríamos mal se aí lêssemos a nostalgia de um regresso impossível ou de um recomeço que se sabe desde logo condenado. A questão é talvez outra.
No início, nós sabemos que sabemos, mas não sabemos o que sabemos nem porque o sabemos. Corremos a vida em interrogação, e é uma bela maneira de viver: umas vezes sabemos isto, outras aquilo, outras o exacto contrário de isto e de aquilo. No fim, quando outros começam a fazer balanços e nós próprios sentimos que já demos voltas suficientes para que se justifique o eles fazerem balanços, sabemos que sabemos, e sabemos que definitivamente nunca saberemos bem o que sabemos nem porque o sabemos. E somos jovens com a calma e o olhar distante que a juventude verdadeira nunca pode ter.

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