Sim, pode antecipar-se a dor. Podemo-nos preparar. Mas verdadeiramente não se sabe. Melhor, não se sente. Não temos imaginação suficiente para sentir a dor que ainda não veio. Se tivéssemos, creio que morreríamos instantaneamente de horror. Mas não temos. É tudo no momento, um combate nu em que quase tudo o que pensávamos ser ou ter como nosso de pouco vale. Vamos ao tapete mil vezes, e não há vitória possível. Apenas sobrevivência, por razões que nem sei se chegaremos a aprender completamente. Mas os que se arrastaram para fora da cena e recuperaram num lugar qualquer, reconhecem-se. Por exemplo, olham para as árvores daquela forma. Por manchas. Brilho cheiro rugosidades. Até não saberem mais o que é uma árvore. Ou ouvem uma música e dizem: é como passar a mão pelo pêlo do cão.
Cão existencial 15
Luís Mourão
28.9.06 |
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