Cruzando

Caro Carlos Leone:

Tem razão, disse de facto que a minha posição não era boa política. E eu ia responder-lhe exactamente nesse sentido, mas depois o post tomou outro rumo, e deu outra coisa ligeiramente diferente. Mas posso retomar. Pensava dizer-lhe que aparte a legitimidade do seu juízo — até porque certamente serei mau em várias coisas, e política provavelmente será uma delas — pensava que a minha posição era “boa política” porque tentava não julgar o Islão como uma peça unívoca, nem procurar no Corão apenas a confirmação das leituras mais radicais que dele são feitas. Mas decerto estaremos de acordo sobre isto. Quanto ao que fazer “com quem activamente quer ser maligno”, acho que só vendo caso a caso. Tomo a legítima defesa como boa, e a legítima defesa começa na polícia e pode acabar na guerra. Gostaria era de, em consciência, poder dizer a mim mesmo que tudo se fez para evitar, passo a passo, a solução mais grave e mais custosa para todos.
Agora, conversas a três (esta a modos que já vai a quatro) é princípio de espaço público. Portanto, entre e continuaremos todos.

Caro Rui Bebiano:
Mas podemos ponderar se para além de tudo aquilo que devemos à Revolução Francesa, o caminho dela não começou a ser aberto, digamos assim, por um Erasmus. Ou dito de outra maneira: teria a Revolução Francesa ensinado tão extensamente os homens a mudar, para manter o raciocínio de Miguel Sousa Tavares, se esses homens já não se tivessem libertado parcialmente do jugo da Igreja a partir de dentro? Propondo outras leituras dos textos sagrados, apoiando neles a reivindicação de várias liberdades cívicas? Claro, tudo isto é para ir devagar e sem a polémica que afinal não há (e que o Rui Bebiano — a minha vénia — contorna quando não é estritamente necessária).

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