Claro, andarmos atolados na vidinha também tem as suas vantagens. Caso Mateus? Mas quem é esse? De qualquer modo, não quero saber, não leio. Obituário do Indy? Mas nunca fui desses lados. Ao menos uma reflexãozinha sobre uma certa direita e o seu jornalismo e aquela geração MEC que...? Sorry, não me apetece mesmo nada, não sou obrigado, tá-se bem, ok? Mas espera aí, afinal sempre quero dizer aqui uma coisita sobre o MEC. Como romancista, era uma das minhas apostas. Apanhei largo por causa disso, mas achava que o homem chegava lá. Afinal, não me tinha enganado sobre o Lobo Antunes. Havia lá negro, e quando o fogo de artifício se acabasse, o negro haveria de aparecer em todo o seu esplendor. Também vi negro no MEC. E isso continua lá, mas não aparece. Está defendido pelo estilo Indy. O fogo de artifício continua sempre, mesmo repetitivo, sensaborão. Certo, dar cabo do respeitinho (foi) é uma grande tarefa. Mas a pantomina que se perpetua e imita a si mesma torna-se fuga. Paradoxo fundamental: a fuga faz-se usando os meios de locomoção que permitiriam a aproximação. Lembram-se do MEC numa de Beckett? Qualquer coisa como: falhei em tudo, falhei na vida, no casamento, na filosofia, na escrita, nos amigos, em tudo. Lembram-se dessa auto-ironia com que parecia começar-se a desmontar aquela grande tenda do circo Indy? Pois foi como as grandes salas de cinema: sempre que se pôde, de uma enorme faziam-se três pequenas, e em vez de um filme de pipocas tínhamos três filmes de pipocas. Em todos aparece um tipo numa de Beckett: falhei em tudo, etc e tal. Mas nunca se diz com que saber e com que ignorância, como, de que modo, com que cegueira e com que evidência. Isso demora tempo, e o estilo Indy define-se pela rapidez. Isso implica a dúvida, e o estilo Indy define-se pela afirmação. Isso obriga ao impoder, e o estilo Indy é o assalto ao poder. Em suma: o estilo Indy é o contrário do romance, e quanto a isso, MEC ainda não largou o Independente.
O contrário do romance
Luís Mourão
2.9.06 |
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