Dois gajos perigosos e um cota [último aviso]

Dia 12 Setembro, terça-feira, às 18h, na FNAC de Santa Catarina, Porto, lançamento do livro de Pedro Eiras (um gajo perigoso), A moral do vento. Ensaio sobre o corpo em Gonçalo M. Tavares (outro gajo perigoso).
Apresentação de Luís Mourão (um cota)

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“E um verso cortado à mão é mais forte que um verso cortado com uma máquina de agradar”
Gonçalo M. Tavares citado por Pedro Eiras

“Também se deve cortar um livro. Tento fazê-lo aqui. Com um mínimo de regras (três escritos sobre cada livro de Gonçalo M. Tavares, convocando outros autores, sempre que possível, para deslocar a focagem), com um máximo de liberdades (confirmar, negar, aplicar, desenvolver, sobretudo deixar que o texto fale aqui: não retirar energia ao texto mas deixá-lo encontrar regos por onde se espraie). Um ensaio não deve ser apenas sobre os livros lidos. Deve entrar neles sempre de modos diferentes, sem repetir. Condição do ensaio: ser imprevisível, o mais que possa, de cada vez. Ensaio contradiz técnica. // Ensaio: cortar à mão. Se for sincero, ninguém deve poder prever que forma ele desenhará.”
Pedro Eiras, A moral do vento, p. 79

Eis a intenção da perfomance. Uma certa imagética clássica da crítica, aparentemente falocêntrica e industrial no arco que une “entrar” e “cortar”, torna-se outra coisa pela extrema fragilidade da mão, pela forma artesanal e individual de ler segundo a mão: confirmar, negar, aplicar, desenvolver. Deambulações para deixar o texto falar, porque um texto não fala tudo de uma só vez, nem fala sempre a mesma coisa de cada vez que fala. E isso só se vai sabendo prolongando a sua escrita — é isso também o ensaio. Mas porquê três escritos sobre cada livro de Gonçalo M. Tavares? Curioso que o ensaísta não sinta necessidade de se explicar acerca desta estrutura. Ora, se leu até aqui, fique sabendo que não paga bilhete para ir ouvir o resto. Ok, já sei, pela intelectualice disto até parece que estou a fazer publicidade negativa; mas cá por casa há esta fatídica mania de nunca levar ninguém ao engano...

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