Keith Jarrett

Havia alguma tensão no ar. Há 25 anos foi o que se sabe, e Jarrett tinha jurado que nunca mais viria a Portugal. Na semana passada, em Paris, houve tosse a mais. Daí o aviso da direcção no princípio: tussam o menos possível…
Por duas vezes, Jarrett abandonou momentaneamente o palco, uma delas interrompendo a introdução ao tema. Calafrio. Mas era apenas qualquer coisa nos óculos.
Em nenhum momento o público aplaudiu na passagem de Jarrett para Peacock – foi quase sempre essa a passagem -, provavelmente com medo de que ele se desconcentrasse. Mas Peacock foi aplaudido, e tinha um sorriso bondoso.
Jarrett esteve todo o tempo de costas: é essa a posição que decorre da organização do trio, mas faltou uma palavra ou um sorriso mais aberto.
No fim, o sorriso veio. Jarrett rendeu-se ao público do CCB. Estava bem disposto, e nos gestos para os companheiros disse que tinham de dar ainda um segundo encore. Foi When I fall in love, it will be forever. Já não havia tensão nenhuma, apenas encantamento. E sim, seria fácil ficar ali para sempre.

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