- Pois eu acho muito mal que se critique a Charlotte. Mal isto e isto. Muito mal.
- Calma, Leitora. Não te sabia tão veemente defensora da Charlotte. Quer dizer, neste particular, pensei que compreendesses o Cristiano Ronaldo.
- E compreendo, compreendo perfeitamente.
- Bom, agora quem não compreende sou eu.
- Mas é simples, Luís. Os críticos da Charlotte têm razão acerca das razões do Cristiano Ronaldo: se eu chorei que nem uma Madalena por não poder jogar a meia-final de voleibol do inter-turmas do ciclo, que fará um tipo que está no mundial.
- Bem dito. E falhaste porquê?
- Torci um pé nos treinos. Agora imagina o que é levar uma pantufada maldosa de um brutamontes dos países baixos.
- Pois... E não recuperaste a tempo da final?
- Perdemos a meia-final.
- Lamento.
- Obrigada.
- Mas então, voltando ao ponto, se os críticos da Charlotte têm razão acerca das razões do coitadinho do Cristiano Ronaldo...
- É preciso ler todo o post da Charlotte.
- Hum... Caso de leitura, portanto.
- É preciso ler tudo, é sempre preciso ler tudo.
- E então?
- Então, a Charlote começa (na ordem mental, que não na ordem do texto) por criticar muito justamente todos esses lugares-comuns do sofrimento com que se descreveu a vitória da selecção portuguesa, o simples facto de terem defendido com unhas e dentes a diferença mínima. Ele há limites, caramba! O sofrimento é uma coisa muito séria, quem lesse assim a modos que desprevenidamente pensaria que Portugal inteiro esteve a sofrer um cancro doloroso e que no final se safou não se sabe bem porquê.
- Sim, compreendo, de facto foi abusivo, mas eu também desliguei logo a televisão, não aguento as reportagens pós-jogo nem os jornais do day after. E o Cristiano Ronaldo no meio disso?
- O Cristiano Ronaldo no meio disso foi tornado ícone disso. Suor, cãibras e caneladas no campo, lágrimas fora dele. Os comentadores fizeram raccord entre as duas coisas, a Charlote foi atrás do raccord deles...
- ...e apanhou o Cristiano de roldão no meio do raccord...
- ...pois, mas não precisas de ser mauzinho, também.
- Estava apenas a ler. É um caso de raccord interno, digamos assim. Um caso de duplo raccord interno.
- Pois sim... Mas isso dito nesse tom não soa muito compreensivo.
- Mas olha que é, olha que é... e mais a mais, podia lá eu discordar de um post encimado pela Nastassja Kinski? A mim, a Nastassja Kinski sempre me convenceu de tudo.
- Pff...Homens.
O caso do raccord interno
Luís Mourão
29.6.06 |
0 Comments
|
This entry was posted on 29.6.06
You can follow any responses to this entry through
the RSS 2.0 feed.
You can leave a response,
or trackback from your own site.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário